O alto índice de infectados, surtos e óbitos, apresentados durante audiência pública, realizada na manhã desta quarta-feira, 09 de junho, deixaram em evidência a urgente necessidade de inclusão dos funcionários da FASE (Fundação de Atendimento Socioeducativo) e da FPE (Fundação de Proteção Especial do RS) no grupo prioritário de vacinação contra a Covid-19. O encontro virtual, coordenado pelo deputado Pepe Vargas (PT), na Comissão de Saúde e Meio Ambiente, contou com a participação de representantes da Fase e da FPE, funcionários e governo do Estado. “Vamos encaminhar documento ao governo do Estado e sustentar a necessidade de vacinação desses grupos”, afirmou o parlamentar.
A Fase e a FPE possuem unidades espalhadas por todo Rio Grande do Sul, na Fase são 16 unidades próprias e outras unidades conveniadas e na FPE são 8 unidades próprias. Desde o início da pandemia, registrou 25 surtos, 29 hospitalizações, 429 funcionários contaminados e 8 óbitos. Ao todo trabalham 1670 pessoas, entre celetistas e comissionados na FASE. Na Fundação de Proteção Especial do RS (FPE), em que trabalham 718 pessoas, 24% dos trabalhadores testaram positivo. Ao todo foram 24 surtos, 17 hospitalizações, 175 positivos e 5 óbitos.
Diante dos números, foi destacada a gravidade da situação pelo diretor do Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas e de Fundações Estaduais do Rio Grande Do Sul (SEMAPI-RS) Luiz Leonel Costa Rodrigues. “Os funcionários vivenciam o terror diário, o medo, a incerteza ao ver colegas adoecendo e, por vezes, indo a óbitos”, lamentou. Rodrigues informou que o SEMAPI solicitou ao governo do estado a inclusão dessas instituições no grupo prioritário de vacinação, mas a resposta foi negativa. “A inclusão é possível e a maioria dos estados da federação já vacinaram os trabalhadores das instituições sócio-educativas”, contou.
O presidente da Fundação de Proteção Especial do RS, Edir Pedro Domeneghini, afirmou sobre a preocupação da FPE, desde o início da pandemia, em garantir a segurança dos trabalhadores, observando os protocolos sanitários. “Procuramos sempre observar as orientações do Ministério da Saúde, Vigilância Sanitária e alcançar os equipamentos de proteção”. O trabalho de prevenção e orientação, também foi ressaltado pelo presidente da FASE, Antônio Carlos Rocha Almeida. “Fizemos mais de 3.200 testes, vídeos explicativos e planos de contingência. Precisamos também, individualmente, ter consciência da gravidade da Covid-19” situação.
A auxiliar de enfermagem da FPE, Ligia Aracy D’Lia, relatou que vivenciam o risco da contaminação diariamente, pois circulam com as crianças em locais de riscos como hospitais e postos de saúde. Para Lígia, a sociedade desconhece o trabalho sócio educador realizado pela FPE e o estado, por sua vez, não reconhece a atuação da instituição – o que os levaria ao grupo prioritário de vacinação, uma vez que há contato interpessoal constante. Também funcionária da FPE, Rosemery Gonçalves, complementa: “Não somos vistos em nenhum setor, nem segurança, nem socioeducador, onde estamos incluídos”.
O funcionário da Fase, Ramiro Passos, é da mesma opinião. “A Fase foi colocada numa espécie de limbo no Plano Nacional de Imunização. Não nos vêem com pertencentes a educação, nem a segurança.” Para Angela Beatriz Bonotto de Freitas, trabalhadora da Fase: “O estado foi assertivo quando dividiu a Febem em Fase/FPE e ao reconhecer isso entende que a Fase trabalha com segurança e, por isso, devemos ser incluídos no grupo prioritário da segurança pública”. Também funcionária da Fase, Alessandra Maia, relatou a escassez que vivenciam desde o início da pandemia, a preocupação com o retorno às aulas e com as visitas liberadas.
Para o representante da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, Irany Souza, o momento é de unir forças para enfrentar os problemas.