O drama de quem está na fila de espera por um transplante e a situação de quem necessita de procedimento cardiológico de alta complexidade no Rio Grande do Sul foram abordados no período dos Assuntos Gerais da reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente desta quarta-feira (3). O encontro contou com a participação da secretária da Saúde, Arita Bergmann, que defendeu a realização de uma mobilização nacional para enfrentar as dificuldades enfrentadas pelos hospitais para aquisição de materiais especiais para procedimentos em cardiologia.
O secretário de Saúde do Porto Alegre, Mauro Sparta, revelou que há falta de órteses, próteses, marca-passos e outros materiais especiais nos hospitais gaúchos, o que vem inviabilizando a realização de cirurgias no coração.
A secretária Arita Bergmann afirmou, no entanto, que “no Tesouro não há margem para complementar tabela de qualquer natureza” e defendeu a realização de uma mobilização nacional pela revisão dos valores da tabela do Ministério da Saúde. “Não temos como assumir o custeio da alta complexidade, que é de responsabilidade da União”, advertiu.
Arita lembrou que, em outro momento, o Ministério abriu crédito especial para que os hospitais continuassem realizando os procedimentos, o que poderia ser retomado agora.
Encaminhamentos
O deputado Pepe Vargas (PT) também apresentou sugestões para amenizar a crise. Ele defendeu a revisão da tabela federal e uma complementação emergencial por parte do estado. “Há poucos dias, o governo gaúcho queria repassar R$ 500 milhões para as estradas federais. Poderia destinar um recurso emergencial para garantir o atendimento aos pacientes enquanto novos valores são negociados”, ressaltou Pepe.
Transplantes
O professor Edelbert Lörshe, paciente em espera por pulmões da cidade de Pelotas, revelou que há outras 3.870 pessoas na fila aguardando pela doação de órgãos. Ele afirmou que o Rio Grande do Sul não tem política de captação e que faltam campanhas para incentivar a doação. Revelou ainda que, de 2021 até agora, 50% dos que esperavam por pulmões, 30% dos que aguardavam um rim e 18% dos que necessitam de doação de fígado faleceram. Segundo o professor, para zerar a fila no RS, seria preciso realizar um transplante a cada duas horas.
Participaram da reunião as deputadas Zilá Breitenbach (PSDB), Franciane Bayer (Republicanos), Silvana Covatti (PP), Kelly Moraes (PL), Gerson Burmann (PDT), Pepe Vargas (PT) e Dr. Thiago Duarte (União).