As famílias de agricultores familiares que se instalaram há 25 anos e consolidaram o espaço na Expointer foram homenageadas, nesta quinta-feira (29), em evento, no Parque Assis Brasil, em Esteio. A iniciativa, proposta pelo deputado Pepe Vargas, destacou a história de coragem, de trabalho e de vitória dos homenageados, os quais foram pioneiros no pavilhão da Agricultura Familiar. O espaço foi pensado, na época, pelo então governador Olívio Dutra, para incentivar o desenvolvimento do setor.
Presente na cerimônia e reconhecido pela iniciativa, Olívio Dutra, afirmou que nesta edição de 2024 já são 423 agroindústrias instaladas no pavilhão da Agricultura Familiar, ajudando a enriquecer a Expointer e o Rio Grande. “A nossa ideia era que o setor primário do RS pudesse se expressar na sua pluralidade e diversidade na Expointer. Não foi de primeira. Tivemos que insistir, pois a prefeitura de Esteio, as cooperativas e a agricultura familiar não participavam da coordenação e nós tivemos que insistir porque isso não ia enfraquecer a feira. Pelo contrário, ia fortalecê-la”, recordou. Olívio destacou a importância da agricultura familiar que garantiram mais oportunidades a todo o setor. Salientou também a relação exemplar da relação da agricultura familiar com o meio ambiente. “A experiência e a forma com que a agricultura familiar trabalha a mãe terra nos ajuda a dizer que o futuro não é o da destruição da natureza, do estreitamento dos leitos dos rios ou o seu envenenamento. Tem esperança e ela está na agricultura de economia familiar, produzindo alimentos sadios para a fartura das nossas mesas, de quem produz e de quem consome”.
O deputado Miguel Rossetto, líder da bancada do PT, ao representar o proponente da homenagem, o deputado Pepe Vargas, disse que a homenagem é também uma forma de reconhecer a política pública liderada pelo governador Olívio Dutra. “Tive a graça de trabalhar como vice-governador desta equipe de trabalho no início deste pavilhão, que é uma conquista popular, que faz deste espaço um espaço plural, para todos e para todas e depois tive a oportunidade de continuar este trabalho conjunto com todos vocês, convidado pelo presidente do Lula para ser o ministro do Desenvolvimento Agrário em 2003 e, portanto, pude compartilhar com vocês esse esforço gigantesco e essa coragem da produção e da agroindústria”. Conforme Rossetto, mais do que uma atividade econômica, a agricultura familiar é um modelo de vida e de sociedade que garante renda. “Se a agricultura familiar do RS participa da Expointer, ela tem que participar de todas as feiras do RS e do Brasil inteiro”.
Os homenageados receberam diplomas das mãos do presidente da Assembleia, Adolfo Brito. São eles:
IDETE E MARIANO SENTCOVSKI
JOÃO CARLOS MOERSCHBERGER
MÁRCIA E ROGÉRIO NEGRELLO
VERA LÚCIA E SADI GIACOMIN
LETÍCIA E ODETE TERESA DA CÁS
ILDA E PEDRO BRIZOLLA
OS FERREIRA DOS PASSOS
GUSTAVO, IVANDRO, VIVIANE, ULIA E LAURA REMUS
MARIA HELENA E WILLIAM ROCHA
MARTA E DEBORA HAUPT
Audiência Pública destaca os 25 anos da agricultura familiar na Expointer
O significado e o alcance dos 25 anos da presença da agricultura familiar na Expointer e as perspectivas para o futuro foi tema da audiência pública proposta pelos deputados Pepe Vargas, Miguel Rossetto, Adão Pretto, Zé Nunes e Luiz Fernando Mainardi, da Bancada do PT e do deputado Elton Weber (PSB. A audiência foi realizada nesta quinta-feira (29/08) pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Pesca e Cooperativismo, no Parque Assis Brasil, em Esteio.
O deputado Zé Nunes afirmou que ao ocupar um espaço público é preciso propor e ousar. A agricultura familiar é o sustentáculo do RS. Começou produzindo gado, mas a revolução agrícola no RS foi a produção de comida e basicamente quem produziu foi a agricultura familiar e o Brasil nunca teve política pública para essa produção de alimentos. “O governo Olívio enxergou plenamente a agricultura familiar e foi um momento em que ela teve visibilidade.” Recordou da resistência do agronegócio em abrir espaço para os pequenos produtores na Expointer. “Fiquei muito chocado com aquilo, não entendi uma luta tão pesada contra uma coisa tão singela. E tudo se contornou, o governo (Olívio) teve uma posição firme, bancou e hoje a agricultura familiar está aqui consolidada”, disse. O deputado argumentou ainda que o exemplo dado pelo governador Olívio precisa ser incorporado no cotidiano para que os produtores possam abrir espaço aos que não tem espaço.
Para o presidente da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), Gervásio Plucinski, o ingresso da produção agrícola familiar na Expointer foi um marco. Passados 25 anos da iniciativa, hoje é possível observar não só o crescimento no número de expositores, mas a elaboração e diversificação dos produtos comercializados. Gervásio assegurou que isso só foi possível porque as famílias conseguiram permanecer na propriedade produzindo.
Douglas Cenci, representando a Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar (Fetraf-RS) destacou a importância de dar visibilidade para a produção dos pequenos agricultores, na consolidação de uma identidade e na promoção de políticas públicas específicas para o setor.
Para José Hermeto Hoffmann, secretário da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Governo Olívio Dutra e responsável direto pela abertura da Expointer para a participação do agricultura familiar, a decisão tomada naquela época, fazia parte de uma política pública estabelecida naquela gestão, com crédito, assistência técnica e o uso dos espaços públicos para garantir a comercialização da produção. Hoffmann recordou a tentativa de boicote dos ruralistas da Farsul e destacou ainda o papel das primeiras famílias que aceitaram o desafio do governo e com isso demonstram a importância do setor na economia gaúcha. Por fim, o ex-secretário ressaltou a importância de proteger e fortalecer o selo “Sabor Gaúcho” que é a marca da agricultura familiar gaúcha.
A luta contra a resistência imposta pelos representantes dos grandes produtores do agronegócio também foi recordada pelo deputado Adão Pretto Filho. “Me passa um filme na cabeça. Eu tinha 13 anos, estava com meu pai, o Adão Pretto, que era um agricultor, e naquela época, era um pavilhão de lona. Hoje é o espaço mais visitado e mais comercializado da Expointer”. O parlamentar destacou que no pavilhão da agricultura familiar tem produtos de todo o território gaúcho e defendeu a necessidade de pensar alguma iniciativa por meio do Parlamento gaúcho para que o selo Sabor Gaúcho fique registrado como patrimônio do RS.Letícia Solano
Créditos fotos: Débora Beina