Presidente da Assembleia e reitora da UFRGS detalham projeto do Campus em Caxias do Sul

Foto de Pepe Vargas

Pepe Vargas

Com a presença da reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Márcia Barbosa, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Pepe Vargas (PT), promoveu na manhã desta segunda-feira (18) debate sobre a implantação do Campus da UFRGS na Região Nordeste do RS. A demanda regional foi acolhida pelo Conselho de Reitores em Brasília, quando do debate sobre a expansão da rede de extensão do ensino público federal, e aguarda autorização agora do Conselho Universitário da UFRGS, o que deverá ocorrer em setembro, conforme antecipou a reitora Márcia Barbosa.

Na Sala João Neves da Fontoura, o Plenarinho, representações da comunidade universitária e da região Nordeste acompanharam a manifestação da reitora Márcia Barbosa, cercada da equipe de professores responsáveis pela implantação de Campus no RS. Entusiasmada com o novo desafio, ela contextualizou a demanda do presidente Lula ao MEC para a implementação dos Campus em dez universidades do país, e a baixa densidade de vagas públicas na Região Nordeste do RS definiu a questão.

Serão seis cursos (dois com 400 alunos e quatro com 500 alunos), com 2.800 vagas de graduação; 160 docentes e infraestrutura para salas de aula, laboratórios, biblioteca, administração, restaurante, urbanização, num montante de R$ 50 milhões para a compra de vagas, e outros R$ 10 milhões para equipamentos. Os cursos serão de Administração, Engenharia Agrícola, Engenharia de Produção Mecânica, Engenharia de Materiais e Manufatura, Ciência de Dados e Pedagogia. As previsões de ingresso são para o próximo ano, 2026.

A reitora detalhou os critérios utilizados pela UFRGS para defender a implantação do Campus em Caxias do Sul, como o perfil da pesquisa da universidade em áreas da economia, como a agricultura e a produção de soja, que orientaram a respeito das condições do solo gaúcho, estudo da Operação Tatu, na década de 60/70, indicando a necessidade de correção do terreno com calcário, resultando em linha de crédito do Banco do Brasil e, ainda, outro estudo que recomendou a fixação de nitrogênio inoculado para melhorar a qualidade da soja.

Entusiasmada com o perfil de qualidade da universidade, referiu outros projetos, como o Cultivares, o núcleo de informática da UFRGS, “temos empresas em todas as áreas de conhecimento”, disse Márcia Barbosa, que referiu programa em elaboração na área de saúde mental do país. “A nossa visão é de coragem, com projetos de ensino inovadores, e interações acadêmicas ampliadas”, seguiu ela, que discorreu ainda sobre o perfil dos jovens da região de Caxias do Sul, em sua maioria com o Ensino Médio completo. Observou, ainda, que a região registra alto índice de nascimentos, o que demandará investimento em educação “para frear os jovens que estão indo embora”.

Barbosa mostrou a estrutura e os projetos para o novo Campus, como aprendizagem ativa, Mão na Massa, estágios inovadores e aulas sincronizadas, com interação entre as pessoas, extensão e pós-graduação desde o início, salas de aula diferenciadas, com aprendizagem ativa, e outras iniciativas.

Ela informou que o assunto foi encaminhado para decisão do Conselho Universitário, o que deverá ocorrer no mês de setembro, embora a data ainda não esteja confirmada. Convidou todos a participarem da exposição do tema ao Conselho Universitário da UFRGS, que além de coragem “será uma virada de chave para o Rio Grande do Sul”, garantiu.

Histórico

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Pepe Vargas, conduziu os debates contextualizando a mobilização da Região Nordeste pela implantação do Campus da UFRGS, e a importância da repercussão desse projeto na comunidade com a qualidade da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, processo iniciado há dez anos pelo então deputado federal Assis Melo. Na época, ocorreu a implantação do Campus no Litoral Norte, mas em 2023, quando o presidente Lula abriu a possibilidade de que o Plano Plurianual da União fosse a partir de audiências públicas em todas as capitais do país, foram realizadas audiências na Região Sul, no Vale dos Sinos, em Santa Cruz do Sul, Vacaria e no Vale do Taquari, e Caxias do Sul.

Foi então apresentada a proposta de criação do Campus no município, demanda que foi a mais votada da região no PPA Participativo, a sétima mais votada no país no quesito de ampliação de novas universidades, e a nova mais votada no RS, além de alcançar a vigésima posição na proposta para investimento e obras, tendo em vista a baixa densidade de vagas na região para ensino superior público.

A partir daí começaram as tratativas junto ao MEC, através da deputada Denise Pessoa, criando-se as condições jurídicas que resultaram na confirmação da implantação do Campus pelo Conselho de Reitores em Brasília, quando do debate sobre a expansão da rede de extensão do ensino público federal. Pepe destacou a mobilização da comunidade através de instâncias como as Câmaras Municipais, Associação dos Municípios da Encosta do Nordeste e outras entidades.

Pepe Vargas disse que a expectativa agora é com a confirmação do Conselho Universitário, e ponderou que recursos federais serão assegurados para o acolhimento dos estudantes.

Luta coletiva e oportunidade

Manifestaram-se também o vereador Juliano Baungarten, de Caxias do Sul, que relatou a importância desse momento histórico para a região, tendo em vista a construção coletiva da luta pela implantação do Campus da UFRGS na região Nordeste, e seu impacto na comunidade, especialmente para os trabalhadores. Todos aguardam agora a decisão do Conselho Universitário da UFRGS, observou. Outra exposição foi da vereadora Rosane Frigeri, que detalhou a articulação dos últimos anos para a confirmação da implantação do Campus na região, que vai contemplar a expectativa de um milhão de pessoas.

A deputada Bruna Rodrigues (PCdoB), que é a Coordenadora da Procuradoria da Mulher da Assembleia, destacou a importância do ingresso na universidade, em especial para a população de baixa renda e que, historicamente, nunca tiveram essa oportunidade, como é o caso dela em sua família. Lembrou do propósito do presidente Lula, de que todos os filhos dos trabalhadores ingressem nas universidades públicas e essa realidade, agora, estará disponível para a região serrana. Também pontuou a importância da previsão do ensino público federal no orçamento público federal para repercutir, mais tarde, na vida da comunidade.

A deputada federal Denise Pessoa (PT), de Caxias do Sul, que também como vereadora acompanhou a mobilização da comunidade pela universidade, observou a desigualdade social da região como requisito que torna a presença do Campus um resgate social com esse padrão de educação pública, conforme os cursos que serão disponibilizados. “Os cursos previstos dialogam com a nossa realidade atual”, frisou, como mecânica, educação, ciência de dados, saúde e outros. Observou, ainda, que o Campus servirá para fixar os jovens na região, que atualmente se deslocam para outras regiões em busca da qualificação universitária. Agradeceu o empenho da atual direção da UFRGS em favor do Campus.

A seguir, manifestaram-se estudantes vinculados ao Diretório Central de Estudantes, tendo em vista a importância de fortalecer o projeto de Nação que se manifesta a partir dos bancos universitários, e a necessidade de criar condições para acolhimento desses estudantes através da disponibilidade de acessos, como Restaurante Universitário e outras demandas.

O professor Jairo Boelter, da UFRGS, destacou a presença de pró-reitores na reunião, como reforço do compromisso dos professores com a comunidade do ponto de vista da expansão do ensino superior, “a porta de entrada para os filhos dos trabalhadores nas regiões onde chegam os Campus”. Alertou, no entanto, que os recursos destinados às universidade e institutos sofrem retração e isso exige mobilização pra convencer o governo e os parlamentos para que a educação pública seja prioridade nos recursos federais.

Outras intervenções foram da CTB; CUT e Fórum dos Movimentos Sociais de Caxias do Sul; Assurgs Sindicato; a Coordenadoria do DCE da UFRGS; UNE e diversas entidades sindicais; e a presença do ex-reitor Hélgio Trindade e outros professores que já atuaram na implantação de unidades do Campus da universidade no RS.

Fotos: Marcelo Oliveira

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