Quando o município de Caxias do Sul, no dia 28 de junho de 2002, entrou para a rota das Paradas Livres do Brasil, pela primeira vez o debate sobre a diversidade sexual e os direitos da população LGBT esteve, abertamente, na pauta da cidade. Entre opiniões polêmicas, vozes diversas e recheadas de preconceito, o prefeito de Caxias do Sul à época, Pepe Vargas (PT), não teve dúvidas, enfrentou as críticas da oposição, e compareceu naquele domingo à Parada, marcando sua posição na luta contra a homofobia e pelos direitos da população LGBTI+. Desde então o atual deputado estadual Pepe, todos os anos está presente na Parada Livre. Neste domingo, mais uma vez, o centro de Caxias, foi palco da diversidade, e o deputado, prestigiou o evento.
No entanto, foram precisos 21 anos, desde a primeira edição, para a Parada Livre integrar oficialmente o calendário de eventos do município. Nesta sexta-feira, dia 10 de novembro, foi assinada a Lei que determina a inclusão da Parada no rol das atividades oficiais da cidade, resultado do projeto de lei aprovado ainda em 2021 pela Câmara de Vereadores, de autoria do vereador Rafael Bueno. A medida foi uma forma de garantir a realização da atividade no Centro de Caxias, uma vez que já chegou a ser proibida em recente administração municipal. O deputado Pepe Vargas, que já foi ministro dos Direitos Humanos, atuando fortemente pelos direitos dos cidadãos, avalia que nesses 21 anos houve um aumento na organização da população LGBTI+, e isso também se reflete nas conquistas de alguns direitos, como direitos civis e políticas públicas de saúde. Porém, o parlamentar, lembra que “ainda é necessário manter um forte atuação e combater toda forma de discriminação para avançar nas conquistas”.
Para a presidente da ONG Igualdade, em Caxias do Sul, e primeira mulher trans a conquistar a suplência na Câmara de Vereadores, Cleo Araujo, a inclusão do evento no calendário oficial de Caxias do Sul marca um fato histórico de construção e quebra de paradigmas e preconceitos. “Mostra que Caxias do Sul, ano após ano, juntamente com ativistas LGBTI’s, une forças contra o preconceito”, afirma. Cleo, que esteve presente na Parada Livre deste domingo, define o evento como fundamental na luta contra a discriminação e o preconceito, mostrando que o amor é maior do que o ódio. “A luta pela dignidade, pelo respeito, pela igualdade, vale a pena. A inclusão da Parada Livre nos mostra que a cidade está preparada para o futuro, que é de luta contra todos os preconceitos e discriminação”, declara.
